sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Um, Nenhum, Cem Mil

       Um sujeito, a partir da observação distraída de sua esposa de que seu nariz pendia ligeiramente para a esquerda, começa a elaborar um raciocínio que mudaria completamente a sua vida.
  Ele, que sempre achou que era apenas uma e a mesma pessoa, percebe que  o que ele é para si mesmo é muito diferente daquilo que ele é, por exemplo, para sua esposa. E para cada uma das outras pessoas que o conhece.
  A partir desta constatação, ele, que se achava um, descobre-se cem mil e , ao final, talvez não seja nenhum. Começa a empreender então, uma tarefa insólita: desconstruir, um a um, estes cem mil diferentes sujeitos que ele era ao mesmo tempo.
  Este é o tema de um livro que acabei de ler, de Luigi Pirandello, um dos maiores escritores italianos, cujo título é o mesmo deste post.
  Recomendo muito.
  Segundo Pirandello, quando nos conhecemos, imediatamente matamos alguma coisa entre nós.
  Conhecer é destruir.
  (...)
  Mas o que a gente coloca no lugar daquilo que acabamos de destruir entre nós?

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