Esta pode ser a imagem deste início de século: pessoas fotografando tudo. Pessoas de todas as idades fotografando e filmando freneticamente com seus equipamentos eletrônicos. Pessoas ansiosas para registrar e publicar tudo o que acabaram de fotografar e filmar. Pessoas em todos os lugares e em todas as situações fazendo registros e publicando tudo na ansiedade de compartilhar instantaneamente o que acreditam estar vivendo naquele instante.
Você já foi a uma apresentação de crianças numa escolhinha? Então sabe do que eu estou falando. São cenas impressionantes. Hordas de pais se acotovelando desesperadamente para filmar seus filhos do melhor ângulo possível. Todo mundo disputando a melhor posição para registrar tudo o que puder de seus pequenos. Fica o registro eletrônico e perde-se a oportunidade de viver o momento.
Viramos editores de nós mesmos, e passamos a crer que do outro lado do mundo nossos amigos espectadores cibernéticos estão ávidos por nossos comentários críticos sobre aquilo a que estamos assistindo. Assim não vemos mais nada. Assistimos a fim de criticar e comentar para poder compartilhar com alguém lá fora que não está vendo o mesmo conteúdo.
Sérgio Irumé.
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