quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Compartilhamos Tudo , mas Queremos Privacidade

   Nosso interesse de classe média passa a ser muito seletivo com quem está próximo e totalmente sem barreiras com quem está distante. E isso mostra o nosso contrassenso atual e o impacto do paradoxo:próximo-distante. Você fotografa o prato da sua comida na mesa de domingo para colocar no Instagram e manda pela internet para que todos vejam, mas não gosta quando o porteiro pega sua correspondência para lhe entregar em mãos porque isso afeta a sua privacidade.
Estranho, não?
      Você coloca a foto da festinha dos seus filhos no Facebook para milhares de pessoas verem, e elas podem ser curtidas, copiadas, coladas, encaminhadas, colecionadas, mas preocupa-se com a interferência na privacidade da vida dos seus mesmos filhos quando monitorados por câmeras na escola. Você "tuita" o tempo todo e compartilha com milhares de pessoas muitas das suas opiniões pessoais, algumas muito pessoais, que você deveria guardar somente para si, mas inexplicavelmente, não gosta que sua diarista saiba da sua vida pessoal, mesmo morando com você. Por onde você passa, faz check-in e registra os lugares para que todo mundo saiba onde foi, mas reclama da futilidade das celebridades, que divulgam fotos fazendo compras no shopping. Você publica suas fotos o tempo todo nas mais diversas e íntimas situações, mas critica o absurdo interesse das pessoas por reality shows como o Big Brother.
 
   Sérgio Irumé.

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